domingo, 11 de janeiro de 2009

Quando do mês de maio

Depois que eu me acostumei com essa climatologia digna de Vivaldi aqui do sul, às vezes, me parece que é sempre outono. Eu fiquei deslumbrada demais com aqueles dias de inverno que, não obstante ensolarados, são de frio de cinema. 
Mas a verdade é que, no fundo, não me interessam as estações extremas. Porque a vida, até hoje, tem sido o meio, a transição. Mesmo meu inverno não é em si; é a promessa dos dias de primavera. Embaixo do cobertor de gelo, das noites geladas, do casaco importado e da manta marrom, ainda pulsam rastros da estação passada e promessa de dias floridos, mesmo que não se perceba.
O Revolucionário que nasceu ali, a oeste, disse que os poderosos podiam matar uma rosa, mas não deteriam a primavera. Aqui, talvez, seja o contrário. Algumas rosas restam, 'autenticando eterna primavera', nos lembrando que a estação do florescer não é lá fora, mas aqui dentro. Diante dessa primavera interna, de que importam as folhas, as promessas, as lembranças, os vapores de café e as notas caídas no chão?

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