Até que um dia, o quase-brilho daquele meio-olhar levou tudo o que ela, certa vez, pensou em querer para sempre: um amor incompleto com as certezas de um abraço fraco, com cheiro de suor, de um meio-beijo embriagado. E ela viu que ele era pouco demais, para toda uma vida de poucos-dois. Que eles formavam um vazio maior do que o que ela sempre sentiu. Pela primeira vez, naqueles quase quarenta anos, sentiu-se completa por enxergar que não haveria felicidade plena no que era apenas quase. E a despedida, pelo menos essa, não era mais parte, pois foi por inteiro. E no fim de tudo, encontrou o seu começo feliz.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
O cara-Metade
Não fosse aquilo um quase-vento, o vestido dela teria se levantado por inteiro. Mas ela mal levou as mãos abaixo do quadril e já conseguiu sossegar o pano que ameaçou alçar vôo, bem, mas bem de leve. Eu diria que aquilo era brilho, ou quase, o que se via naqueles olhos semi-abertos, por causa do semi-vento. E ela quase-sorria, pois estava quase-feliz, quando surgiu a lua meio-cheia, naquele dia quase-findo. Era totalmente apaixonada. Tinha quase quarenta, era quase-ingênua, mas a paixão, essa sim, era plena. E se sentia inteira, mesmo quando ele lhe contava meias-histórias, lhe dizia meias-palavras. Porque aquelas meias-verdades tornavam seu mundo real e o tomavam por completo. E até quando ele prometia chegar mais cedo, e só vinha no dia seguinte, ela era toda felicidade vazia. Mas não ligava. Porque era o tempo exato para um abraço fraco, com cheiro de suor, ou de um meio-beijo com gosto de vodka. E ficava uma vontade gigante de ter um pouco mais! Era sempre assim. Quando ela deixava de ser só, e ele meio que estava com ela. Quando o quase-sorriso virava meia-felicidade, e o sol que, como ele, achava que era cedo demais pra levantar, levava a lua quase-cheia.
Até que um dia, o quase-brilho daquele meio-olhar levou tudo o que ela, certa vez, pensou em querer para sempre: um amor incompleto com as certezas de um abraço fraco, com cheiro de suor, de um meio-beijo embriagado. E ela viu que ele era pouco demais, para toda uma vida de poucos-dois. Que eles formavam um vazio maior do que o que ela sempre sentiu. Pela primeira vez, naqueles quase quarenta anos, sentiu-se completa por enxergar que não haveria felicidade plena no que era apenas quase. E a despedida, pelo menos essa, não era mais parte, pois foi por inteiro. E no fim de tudo, encontrou o seu começo feliz.
Até que um dia, o quase-brilho daquele meio-olhar levou tudo o que ela, certa vez, pensou em querer para sempre: um amor incompleto com as certezas de um abraço fraco, com cheiro de suor, de um meio-beijo embriagado. E ela viu que ele era pouco demais, para toda uma vida de poucos-dois. Que eles formavam um vazio maior do que o que ela sempre sentiu. Pela primeira vez, naqueles quase quarenta anos, sentiu-se completa por enxergar que não haveria felicidade plena no que era apenas quase. E a despedida, pelo menos essa, não era mais parte, pois foi por inteiro. E no fim de tudo, encontrou o seu começo feliz.
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Assim é a vida: muitos apartes e partes para dar forma ao todos.
ResponderExcluirEis que com todos os quase, semis, meios aqui estamos: totalmente, vivos e vivendo.
Descobri do nada este blog e venho comentar para prestigiar tão bela escrita e textualização.
Abs
Fábio Urnau
Nó, legal demais! E o título ficou muito massa.
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